tag:blogger.com,1999:blog-86053974928964523422024-03-14T00:18:51.822-03:00Arthur Nogueiraarthurnogueira.comArthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.comBlogger182125tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-40001706928131613352023-01-09T09:45:00.003-03:002023-01-09T09:45:37.237-03:00Tácito<p><br /><br />Seguia o ano seu curso<br />quando doze cidades célebres da Ásia Menor<br />ficaram de todo arrasadas por um terremoto noturno,<br />tanto mais letal quanto mais chã a esperança.<br />Nem mesmo de bom proveito serviu o refúgio<br />dos campos,<br />a que em tais casos se costuma recorrer:<br />porque as bocarras da terra engoliam seus miseráveis habitantes.<br />Narra-se que as montanhas imensas se esparramaram<br />em vastas planícies;<br />que as planícies vastas se converteram<br />em montanhas imensas;<br />que altas labaredas de fogo sapecavam a periferia<br />e o centro dos escombros<br />entre o espesso betume e a lava e o súlfur que arde.<br />Nem o de cem olhos, Argos nenhum,<br />Discerniria crepúsculo, noite, aurora, manhã, tarde.<br /><br /><br /><br />SALOMÃO, Waly. <i>Pescados vivos</i>. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.<br /><br /><br /></p>Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-49169623850356538202020-11-26T20:33:00.003-03:002020-11-26T20:33:19.394-03:00humanidade<p> <br /><br />Eu percebo as diferenças óbvias<br />na família humana.<br />Alguns de nós são sérios,<br />outros vivem de comédia.<br /><br />Alguns dizem que vivem<br />na profundidade,<br />e outros cantam que vivem<br />na realidade.<br /><br />A variedade de tons de pele<br />pode confundir, desconcentrar, alegrar,<br />marrom e rosa e bege e roxo,<br />bronzeado e azul e branco.<br /><br />Eu atravessei os sete mares<br />e parei em todas as terras,<br />Eu vi as maravilhas do mundo, <br />mas nunca a um homem comum.<br /><br />Conheço dez mil mulheres<br />chamadas Joana e Maria Joana,<br />mas nunca vi duas<br />que fossem a mesma pessoa.<br /><br />Gêmeos idênticos são diferentes<br />mesmo que suas feições sejam as mesmas,<br />e amantes têm pensamentos completamente diferentes<br />enquanto estão deitados lado a lado.<br /><br />Nós amamos e perdemos na China,<br />choramos nos pântanos da Inglaterra<br />e rimos e gememos na Guiné,<br />e prosperamos nas praias espanholas.<br /><br />Buscamos por sucesso na Finlândia,<br />nascemos e morremos no Maine.<br />Nos aspectos menores somos diferentes,<br />nos maiores, somos iguais.<br /><br />Eu percebo as diferenças óbvias<br />entre cada tipo e modelo,<br />mas nós somos mais semelhantes, meus amigos,<br />do que diferentes.<br /><br />Nós somos mais semelhantes, meus amigos,<br />do que diferentes.<br /><br />Nós somos mais semelhantes, meus amigos,<br />do que diferentes.<br /><br /><br />ANGELOU, Maya. <i>Poesia completa</i>. Bauru: Astral Cultural, 2020. Tradução de Lubi Prates.</p><p><br /></p>Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-76654546261327506122020-05-03T19:58:00.001-03:002020-11-26T20:37:16.670-03:00canção da estrada aberta / song of the open road<br /><br />1.
<br />
<br />
A pé e de coração leve eu pego a estrada aberta,
<br />
Cheio de saúde, livre, o mundo diante de mim,
<br />
O longo caminho de terra diante de mim
<br />
levando-me a qualquer lugar aonde eu queira ir.
<br />
<br />
De agora em diante não peço a felicidade, eu mesmo sou felicidade,
<br />
De agora em diante não mais reclamo, não mais adio, não preciso de nada,
<br />
Estou farto de queixas internas, bibliotecas, críticas ressentidas,
<br />
Forte e alegre eu ganho a estrada aberta.
<br />
<br />
A terra, isto me basta,
<br />
Não quero as constelações nem um pouco mais próximas,
<br />
Sei que estão muito bem onde estão,
<br />
Sei que bastam para aqueles que a elas pertencem.
<br />
<br />
(No entanto, carrego comigo meus antigos e deliciosos fardos,
<br />
Eu os carrego, homens e mulheres, eu os carrego aonde quer que eu vá,
<br />
Juro ser impossível livrar-me deles,
<br />
Eles são parte de mim e serei parte deles de volta.)
<br />
<br />
1.<br />
<br />
Afoot and light-hearted I take to the open road,
<br />
Healthy, free, the world before me,
<br />
The long brown path before me leading wherever I choose.
<br />
<br />
Henceforth I ask not good-fortune, I myself am good-fortune,
<br />
Henceforth I whimper no more, postpone no more, need nothing,
<br />
Done with indoor complaints, libraries, querulous criticisms,
<br />
Strong and content I travel the open road.
<br />
<br />
The earth, that is sufficient,
<br />
I do not want the constellations any nearer,
<br />
I know they are very well where they are,
<br />
I know they suffice for those who belong to them.
<br />
<br />
(Still here I carry my old delicious burdens,
<br />
I carry them, men and women, I carry them with me wherever I go,
<br />
I swear it is impossible for me to get rid of them,
<br />
I am fill’d with them, and I will fill them in return.)
<br />
<br />
<br />
WHITMAN, Walt. <i>Leaves of grass</i>. New York: The New American Library, 1958.
<br />
<br />
<i>*tradução minha</i><br />
<i><br /></i>Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-70695270165605863202019-09-02T23:16:00.003-03:002020-11-26T20:33:58.178-03:00espelho / mirror<br /><br />ESPELHO
<br />
<br />
Sou prata e exato. Não tenho preconceitos.
<br />
O que eu vejo eu engulo de imediato
<br />
Tal como é, sem amor ou desamor.
<br />
Não sou cruel, só real,
<br />
O olho de um pequeno deus, quadrilátero.
<br />
Quase todo o tempo eu penso na parede oposta.
<br />
É rosa, com manchas. Olhei tanto tempo
<br />
Que já é parte de mim. Mas pisca.
<br />
Faces e trevas nos dividem a todo momento.
<br />
<br />
Agora sou um lago. Uma mulher se inclina para mim,
<br />
Buscando em meus traços o que ela é de fato.
<br />
Depois volta-se para as mentiras das velas e da lua.
<br />
Vejo-a que retorna e reflito-a fielmente.
<br />
Ela me recompensa com lágrimas e mãos trêmulas.
<br />
Valho muito para ela. Vem e vai.
<br />
Toda manhã é sua face que substitui as trevas.
<br />
Ela afogou em mim uma menina, e em mim uma mulher
<br />
Velha se alça para ela dia após dia, peixe terrível.
<br />
<br />
<br />
MIRROR
<br />
<br />
I am silver and exact. I have no preconceptions.
<br />
Whatever you see I swallow immediately
<br />
Just as it is, unmisted by love or dislike.
<br />
I am not cruel, only truthful.<br />
The eye of a little god, four-cornered.
<br />
Most of the time I meditate on the opposite wall.
<br />
It is pink, with speckles. I have looked at it so long
<br />
I think it is a part of my heart. But it flickers.
<br />
Faces and darkness separate us over and over.
<br />
<br />
Now I am a lake. A woman bends over me,
<br />
Searching my reaches for what she really is.
<br />
Then she turns to those liars, the candles or the moon.
<br />
I see her back, and reflect it faithfully.
<br />
She rewards me with tears and an agitation of hands.
<br />
I am important to her. She comes and goes.
<br />
Each morning it is her face that replaces the darkness.
<br />
In me she has drowned a young girl, and in me an old woman
<br />
Rises toward her day after day, like a terrible fish.
<br />
<br />
<br />
de Sylvia Plath<br />
<br />
in CAMPOS, Augusto de. <i>Retrato de Sylvia Plath como artista</i>. Traduções de Augusto de Campos. Londrina: Galileu Edições, 2018.<br /><br />
<br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-340169204464330652019-07-30T11:37:00.001-03:002019-09-02T23:38:00.600-03:00o que passou pela cabeça do violinista em que a morte acentuou a palidez ao despenhar-se com sua cabeleira negra & seu stradivárius no grande desastre aéreo de ontem<div align="justify" style="background-color: white; color: #333333;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span>
</span><br />
<div align="justify">
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;"><br class="Apple-interchange-newline" />dó</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">ré</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">mi</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">eu penso em béla bartók</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">eu penso em rita lee</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">eu penso no stradivárius</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">e nos vários empregos</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">que tive</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">pra chegar aqui</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">e agora a turbina falha</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">e agora a cabine se parte em duas</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">e agora as tralhas todas caem dos compartimentos</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">e eu despenco junto</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">lindo e pálido minha cabeleira negra</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">meu violino contra o peito</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">o sujeito ali da frente reza</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">eu só penso</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">dó</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">ré</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">mi</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">eu penso em stravinski</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">e nas barbas do klaus kinski</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">e no nariz do karabtchevsky</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">e num poema do joseph brodsky</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">que uma vez eu li</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">senhoras intactas, afrouxem os cintos</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">que o chão é lindo & já vem vindo</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">one</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: inherit;">two</span></div>
<div align="justify">
<div>
<span style="font-family: inherit;">three</span></div>
<div>
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div>
<span style="font-family: inherit;">In FREITAS, Angélica. <i>Rilke Shake</i>. São Paulo: Cosac Naify, 2007.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<br /></div>
</div>
</div>
Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-21866076236181488022019-07-10T10:36:00.001-03:002019-07-10T10:36:42.055-03:00as rosas com bolores<br />
<br />
Tenho sempre perto de mim
<br />
geralmente na minha mesa de cabeceira
<br />
um ramo de rosas
<br />
todas as manhãs a primeira coisa
<br />
que faço quando acordo
<br />
é observar atentamente as rosas
<br />
a ver se algum bolor poisou
<br />
na pele das rosas
<br />
quando isto acontece
<br />
é muito raro
<br />
mas eu gosto de coisas preciosas
<br />
e sou paciente
<br />
deixo de dormir
<br />
para observar o crescimento
<br />
desigual e lento do bolor
<br />
a pouco e pouco o bolor
<br />
vai cobrindo a pele da rosa
<br />
ou antes
<br />
alimentando-se da pele da rosa
<br />
adquire o feitio da rosa
<br />
mas a pele da rosa
<br />
não está por baixo do bolor
<br />
desapareceu
<br />
é preciso estar sempre atenta
<br />
porque no instante em que
<br />
o bolor não pode alastrar mais
<br />
a não ser alastrando-se sobre
<br />
si próprio
<br />
e alimentando-se de si próprio
<br />
ou seja suicidando-se
<br />
naquele acto de infinito amor
<br />
por si próprio
<br />
que é afinal todo o suicídio
<br />
a rosa pode andar pelos seus pés
<br />
antes de ela partir
<br />
beijo-a na boca
<br />
depois ela parte
<br />
e desaparece para sempre da minha vida
<br />
então eu vou dormir
<br />
porque estou muito cansada
<br />
as rosas com bolores cansam-me<br />
<br />
<br />
In LOPES, Adília. <i>Antologia</i>. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.<br /><br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-1120555634420993492019-06-10T13:32:00.001-03:002019-06-10T13:32:48.150-03:00Emílio ou Da educação<br />
<br />
Garoto
<br />
Você é meu
<br />
Garoto
<br />
Você mora no meu coração
<br />
Garoto
<br />
Quando tiver condições
<br />
Quero morar com você
<br />
Garoto.<br />
<br />
<br />
SALOMÃO, Waly. <i>Gigolô de bibelôs</i>. São Paulo: Editora Brasiliense, 1983.<br />
<br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-82108390159379997802019-06-04T17:21:00.001-03:002019-06-04T17:21:51.631-03:00Lira e eu no programa Escala Musical, da TV Cultura<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /><br /><br /><iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/oJ5lV0vY9VA/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/oJ5lV0vY9VA?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<br />
<br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-64349958883748759482019-06-04T12:50:00.001-03:002019-06-04T12:50:31.274-03:00cisne<br />
<br />
Humanizar o cisne
<br />
é violentá-lo. Mas
<br />
também quem nos dirá
<br />
o arisco esplendor
<br />
— a presença do cisne?
<br />
<br />
Como dizê-lo? Densa<br />
a palavra fere<br />
o branco<br />
expulsa a presença e — humana —<br />
é esplendor memória<br />
e sangue.<br />
<br />
E<br />
resta<br />
não o cisne: a<br />
palavra<br />
— a palavra mesmo<br />
cisne.<br />
<br />
<br />
In FONTELA, Orides. <i>Poesia completa</i>. São Paulo: Hedra, 2015.<br /><br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-20003039041874718932019-05-26T20:11:00.001-03:002019-05-26T20:12:02.065-03:00alba<br />
<br />
I<br />
<br />
Entra furtivamente<br />
a luz<br />
surpreende o sonho inda imerso<br />
na carne.<br />
<br />
II<br />
<br />
Abrir os olhos.<br />
Abri-los<br />
como da primeira vez <br />
— e a primeira vez<br />
é sempre.<br />
<br />
III<br />
<br />
Toque<br />
de um raio breve<br />
e a violência das imagens<br />
no tempo.<br />
<br />
IV<br />
<br />
Branco <br />
sinal oferto<br />
e a resposta do<br />
sangue:<br />
AGORA!<br />
<br />
<br />
In FONTELA, Orides. <i>Poesia completa</i>. São Paulo: Hedra, 2015.<br />
<br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-48617400771216748202019-05-19T12:18:00.000-03:002019-05-19T12:26:44.842-03:00"se em meu ofício, ou arte severa" / "in my craft or sullen art"<br />
<br />
Se em meu ofício, ou arte severa,
<br />
Vou labutando, na quietude
<br />
Da noite, enquanto, à luz cantante
<br />
De encapelada lua jazem
<br />
Tantos amantes que entre os braços
<br />
As próprias dores vão estreitando ―
<br />
Não é por pão, nem por ambição,
<br />
Nem para em palcos de marfim
<br />
Pavonear-me, trocando encantos,
<br />
Mas pelo simples salário pago
<br />
Pelo secreto coração deles.
<br />
<br />
Não pelo homem altivo, alheio
<br />
A tormentosa lua escrevo
<br />
Sobre estas páginas de espuma
<br />
Nem pelos monstros imponentes
<br />
Com seus rouxinóis, seus salmos,
<br />
Mas pelos que se amando estreitam
<br />
Nos braços toda a dor das eras,
<br />
Que não louvam, não pagam, nem escutam
<br />
O meu ofício ― ou arte severa.
<br />
<br />
<br />
x<br />
<br />
<br />
In my craft or sullen art
<br />
Exercised in the still night
<br />
When only the moon rages
<br />
And the lovers lie abed
<br />
With all their griefs in their arms,
<br />
I labour by singing light
<br />
Not for ambition or bread
<br />
Or the strut and trade of charms
<br />
On the ivory stages
<br />
But for the common wages
<br />
Of their most secret heart.
<br />
<br />
Not for the proud man apart
<br />
From the raging moon I write
<br />
On these spindrift pages
<br />
Nor for the towering dead
<br />
With their nightingales and psalms
<br />
But for the lovers, their arms
<br />
Round the griefs of the ages,
<br />
Who pay no praise or wages
<br />
Nor heed my craft or art.
<br />
<br />
<br />
Poema de Dylan Thomas em versão de Mário Faustino. In: FAUSTINO, Mário. <i>Poesia completa e traduzida</i>. São Paulo: Max Limonad, 1985.<br />
<br />
<br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-40211515989143654672019-03-27T22:06:00.000-03:002019-03-27T22:07:49.599-03:00Arthur Nogueira canta "Eu queria ter uma bomba"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/4dl9Lo76itk/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/4dl9Lo76itk?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<br />
<br />
de Frejat & Cazuza<br />
<br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-9552215292196045202018-12-18T10:59:00.002-03:002024-01-09T11:20:08.146-03:00felicidade<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
Felicidade é esse acaso</div>
<div style="text-align: center;">
Que te faz o que és.</div>
<div style="text-align: center;">
Nada queres dizer.</div>
<div style="text-align: center;">
Nada deves a trabalho</div>
<div style="text-align: center;">
Ou a dever.</div>
<div style="text-align: center;">
Perverso</div>
<div style="text-align: center;">
Brincas.</div>
<div style="text-align: center;">
Criatura de um só dia</div>
<div style="text-align: center;">
Absoluto</div>
<div style="text-align: center;">
És festa</div>
<div style="text-align: center;">
Serás luto.</div>
<div style="text-align: center;">
És festa sonho carne frêmito.</div>
<div style="text-align: center;">
Não mereces este prazer</div>
<div style="text-align: center;">
Nem eu mereço teu amor:</div>
<div style="text-align: center;">
Tudo entre nós é gratuito</div>
<div style="text-align: center;">
E muito</div>
<div style="text-align: center;">
E parte.</div>
<div style="text-align: center;">
Cardumes de sol ao mar</div>
<div style="text-align: center;">
Quase sem arte</div>
<div style="text-align: center;">
Quero-te feliz.</div>
<br />
<br />
CICERO, Antonio. <i>Guardar</i>. Rio de Janeiro: Record, 1996.<br />
<br />
<br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-4561528727031408392018-12-14T18:00:00.000-03:002018-12-14T18:00:16.204-03:00Dar nome pra um gato / The Naming of Cats<br /><br />Dar nome pra um gato
ㅤ
<br /><br />Dar nome pra um gato não é brincadeira,
<br />Não é dessas coisas normais de vocês;
<br />Pode até parecer exagero, ou doideira,
<br />Mas é pouco um só nome, ELES TÊM QUE TER TRÊS.
<br />O primeiro é aquele de usar todo dia,
<br />Bernardo, Ana Clara, Gabi ou Inês,
<br />Madalena, Olga ou Sara, Eduardo e até Bia.
<br />São nomes sisudos, são só sensatez.
<br />Se você preferir, pode até ser mais chique,
<br />Pra menino ou menina, os dois têm sua vez:
<br />Dante, Ágata, ou Íris, Urraca ou Manrique —
<br />Mas nomes sisudos, e só sensatez.
<br />Só que os gatos precisam de um nome sem par
<br />Um nome mais raro, mais conceituado,
<br />Ou não sobe seu rabo, perpendicular,
<br />Fica mole o bigode, e o orgulho, acabado!
<br />De nomes assim eu te mostro uma renca,
<br />Mungustão, Quaximol, Filiréu ou Jorlato,
<br />Seja Bombalurina, ou talvez Chelimenca —
<br />São nomes que sempre serão de um só gato.
<br />Mas acima de tudo outro nome sobrou,
<br />Um nome afundado em mistérios à beça,
<br />O nome que o homem jamais desvendou —
<br />MAS É O GATO QUE SABE, e ele nunca confessa.
<br />Quando um gato se perde na meditação, <br /> O motivo, eu te digo, não muda e não some:
<br />Sua mente está presa na contemplação <br /> Da ideia, da ideia, da ideia do nome:
<br />Do inefável efável
<br />Seu efinevável
<br />Profundo, insondável e excêntrico Nome.
ㅤ
<br /><br /><br />The Naming of Cats<br />
<br />
The Naming of Cats is a difficult matter,
<br />It isn't just one of your holiday games;
<br />You may think at first I'm as mad as a hatter
<br />When I tell you, a cat must have THREE DIFFERENT NAMES.
<br />First of all, there's the name that the family use daily,
<br />Such as Peter, Augustus, Alonzo or James,
<br />Such as Victor or Jonathan, George or Bill Bailey-<br />All of them sensible everyday names.
<br />There are fancier names if you think they sound sweeter,
<br />Some for the gentlemen, some for the dames:
<br />Such as Plato, Admetus, Electra, Demeter --
<br />But all of them sensible everyday names.
<br />But I tell you, a cat needs a name that's particular,
<br />A name that's peculiar, and more dignified,
<br />Else how can he keep up his tail perpendicular,
<br />Or spread out his whiskers, or cherish his pride?
<br />Of names of this kind, I can give you a quorum,
<br />Such as Munkustrap, Quaxo, or Coricopat,
<br />Such as Bombalurina, or else Jellylorum -
<br />Names that never belong to more than one cat.
<br />But above and beyond there's still one name left over,
<br />And that is the name that you never will guess;
<br />The name that no human research can discover --
<br />But THE CAT HIMSELF KNOWS, and will never confess.
<br />When you notice a cat in profound meditation,
<br />The reason, I tell you, is always the same:
<br />His mind is engaged in a rapt contemplation
<br />Of the thought, of the thought, of the thought of his name:
<br />His ineffable effable
<br />Effanineffable
<br />Deep and inscrutable singular Name.
<br /><br /><br />ELIOT, T. S. <i>Poemas</i>. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. Organização, tradução e posfácio de Caetano W. Galindo.<br /><br /><br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-45257126415069037662018-08-17T19:37:00.000-03:002018-08-17T19:37:27.442-03:00HOmmage (trecho)<br /><br />5<br />
<br />
Nova sensibilidade explodindo a velha sintaxe conformada/conformista.<br />
<br />
"SEJA MARGINAL, SEJA HERÓI" e o strip-tease do humanismo do assim chamado "homem de bem" que proclama satisfeito "bandido bom é bandido morto". Presuntos a granel, aumento dos locais de desova, Esquadrão da Morte enquanto justiceiro de Deus e da Pátria e da Família. Pena de Morte e decepamento da cabeça e corte do caralho para animar a primeira página deste tecido de horrores que é o jornal "O POVO".<br />
<br />
O "homem de bem" é um amoral nato.<br />
<br /><br />
SALOMÃO, Waly. <i>Armarinho de miudezas</i>. Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, 1993.<br /><br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-18646037514360132742018-07-16T20:15:00.004-03:002018-07-16T20:15:50.245-03:00autobiografia de todo mundo<br /><br />É uma coisa estranha os endereços onde você mora. Quando mora num lugar você o conhece tão bem que é como a identidade uma coisa é tanto uma coisa que essa coisa não poderia nunca ser nenhuma outra coisa e então você mora em algum outro lugar e anos mais tarde o endereço que era aquele endereço era um nome como seu próprio nome e você o dizia como se não fosse um endereço mas como alguma coisa que fosse viva e então anos mais tarde você não sabe qual era o endereço e quando você diz isso não é mais um nome mas alguma coisa de que você não consegue se lembrar. Isto é o que faz a sua identidade não uma coisa que existe mas uma coisa de que você ou se lembra ou não se lembra. <br /><br /><br />STEIN, Gertrude. <i>Autobiografia de todo mundo</i>. São Paulo: Cosac Naify, 2010. Tradução de Júlio Castañon Guimarães.<br /><br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-12294820697797175222018-06-23T20:54:00.004-03:002018-08-13T09:30:19.259-03:00o homem de neve / the snow man<br />
<br />
O homem de neve<br />
<br />
Há que se ter mente hibernal<br />
Para observar a geada e os galhos<br />
Dos pinheiros encrostados de neve;<br />
<br />
E estar ao frio há muito tempo<br />
Para ver os zimbros com beirais de gelo,<br />
Os abetos ásperos no brilho distante<br />
<br />
Do sol de janeiro; e não pensar<br />
Em nenhuma aflição ao som do vento,<br />
Ao som de umas poucas folhas,<br />
<br />
Que é o som da terra<br />
Cheia do mesmo vento<br />
Que venta no mesmo lugar árido<br />
<br />
Para o que ouve, que escuta na neve,<br />
E, ele próprio nada, contempla<br />
Nada que não esteja ali e o nada que lá está.<br />
<br />
<br />
The Snow Man<br />
<br />
One must have a mind of winter
<br />
To regard the frost and the boughs
<br />
Of the pine-trees crusted with snow;
<br />
<br />
And have been cold a long time
<br />
To behold the junipers shagged with ice,
<br />
The spruces rough in the distant glitter<br />
<br />
Of the January sun; and not to think
<br />
Of any misery in the sound of the wind,
<br />
In the sound of a few leaves,
<br />
<br />
Which is the sound of the land
<br />
Full of the same wind
<br />
That is blowing in the same bare place
<br />
<br />
For the listener, who listens in the snow,
<br />
And, nothing himself, beholds
<br />
Nothing that is not there and the nothing that is.<br />
<br />
<br />
In: STEVENS, Wallace. <i>O imperador do sorvete e outros poemas</i>. Trad. de Paulo Henriques Britto. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.<br />
<br />
<br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-88087010310765242722018-05-02T10:01:00.001-03:002019-05-26T20:12:26.451-03:00mão única<br />
<br />
— é proibido<br />
voltar atrás<br />
e chorar.<br />
<br />
<br />
In FONTELA, Orides. <i>Poesia completa</i>. São Paulo: Hedra, 2015.<br />
<br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-27668128345497401942018-04-27T10:48:00.004-03:002018-04-27T10:52:30.763-03:00A montanha mágica - p. 627<br />
<br />
Era capaz de ficar sentado com o relógio na mão — relógio de algibeira, chato, liso, de ouro fino, e a tampa, com o monograma gravado, aberta. Contemplava então o mostrador redondo, de porcelana, rodeado por uma dupla fileira de cifras árabes, pretas e vermelhas, e em cima do qual os dois ponteiros de ouro, enfeitados de suntuosos arabescos, apontavam em diferentes direções, enquanto o delgado ponteiro dos segundos, tiquetaqueando, dava pressurosas voltas à sua areazinha especial. Hans Castorp fixava-o, como para deter e esticar alguns minutos, na intenção de agarrar o tempo pela cauda. O minúsculo ponteiro saltitava pelo seu caminho, sem se importar com as cifras que alcançava, percorria, ultrapassava, deixava para trás, lá longe, voltava a demandar e alcançava de novo. Era insensível a objetivos, divisões e marcos. Deveria demorar-se por um instante no 60 ou pelo menos dar um pequeno sinal de que alguma coisa terminava ali. Mas, pelo jeito como passava por cima desse ponto assim como por qualquer outra risca não marcada, reconhecia-se que toda essa marcação e subdivisão do seu caminho eram apenas acessórias, e que o ponteiro se limitava a caminhar, a caminhar para frente... Diante dessa percepção, Hans Castorp tornava a abrigar o cronômetro no bolsinho do colete e abandonava o tempo à sua própria sorte.<br />
<br />
<br />
MANN, Thomas. <i>A montanha mágica</i>. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. Tradução Herbert Caro.<br />
<br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-27560040638142924712018-04-26T18:09:00.001-03:002019-05-26T20:12:18.618-03:00Kant (relido)<br />
<br />
Duas coisas admiro: a dura lei<br />
cobrindo-me<br />
e o estrelado céu<br />
dentro de mim.<br />
<br />
<br />
In FONTELA, Orides. <i>Poesia completa</i>. São Paulo: Hedra, 2015.<br />
<br />
<br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-81301735436992747222018-03-19T17:19:00.003-03:002018-03-19T17:19:38.011-03:00elegia 1938<br /><br />Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,<br />
onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.<br />
Praticas laboriosamente os gestos universais,<br />
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.<br />
<br />Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,<br />
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.<br />
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze<br />
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.<br />
<br />Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra<br />
e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.<br />
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina<br />
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.<br />
<br />Caminhas entre mortos e com eles conversas<br />
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.<br />
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.<br />
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.<br />
<br />Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota<br />
e adiar para outro século a felicidade coletiva.<br />
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição<br />
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.<br /><br /><br />ANDRADE, Carlos Drummond de. <i>Poesia completa</i>. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.<br /><br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-60607622969070437132018-03-16T15:06:00.002-03:002019-05-26T20:17:20.186-03:00voa<br />
<br />
em tempos de desumanidade no Brasil, eu abomino quem prefere as armas de metal. <br />como disse Maiakovski, "Nosso arsenal é o canto. / Metal? São timbres que tinem".<br />
<br />
hoje à noite, Antonio Cicero toma posse na Academia Brasileira de Letras. "alguém se reconhece poeta e decide dedicar-se à poesia", diz Cicero no livro "A poesia e a crítica", "a partir do momento em que se apaixona por um ou por vários poemas de verdade". a importância do cânone literário será o norte de seu discurso de posse, como antecipa a Folha de São Paulo <span class="st"></span>em página inteira<span class="st"></span> que também celebra a ótima coincidência de que, justo nessa sexta-feira, Marina Lima lança seu novo disco, que tem um título bonito: "Novas famílias".<br />
<br />
graças ao Duda Leite, soube que o jornal oferece, na versão digital da matéria, uma playlist com canções de Cicero de diferentes épocas, da qual tenho a honra de fazer parte. fui dormir triste com o Brasil, mas acordei feliz. saúdo meu grande amigo, a poesia e o lance do poema:
<br />
<br />
"Pisa sobre estas esplêndidas ruínas e,
<br />
se não há caminhos,<br />
voa."
<br />
<br />
AN.<br />
<br />
<br />
<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" height="340" scrolling="no" src="https://www.deezer.com/plugins/player?format=classic&autoplay=false&playlist=true&width=700&height=350&color=007FEB&layout=dark&size=medium&type=playlist&id=4255236766&app_id=1" width="400"></iframe><br />
<br />
<br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-75291899694283938842018-02-19T11:46:00.003-03:002018-02-19T11:47:16.768-03:00A montanha mágica - p. 76<br />
<br />
— Rá, rá, rá! Acho-o bem sarcástico, sr. Settembrini.
<br />
— Sarcástico? O senhor quer dizer: maledicente. Sim, sou um pouco maledicente. — disse Settembrini. — Lamento apenas que me tenham condenado a desperdiçar minha maledicência com assuntos tão miseráveis. Espero que o senhor não se oponha à maledicência, meu caro engenheiro. A meu ver, é a mais esplêndida arma da razão na luta contra as potências das trevas e da fealdade. A maledicência, senhor, é o espírito da crítica, e a crítica representa a origem do progresso e do esclarecimento. — E de súbito pôs-se a discorrer sobre Petrarca, a quem chamou de "pai dos tempos modernos".
<br />
<br />
<br />
MANN, Thomas. <i>A montanha mágica</i>. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. Tradução Herbert Caro. <br />
<br />
<br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-89357205383292092022018-01-17T11:27:00.000-03:002018-01-17T11:28:05.554-03:00fazer pensar<br />
<br />
Não cabe ao autor, mas ao outro fornecer os seus
sentimentos. A finalidade de uma obra – honesta – é simples e clara:
fazer pensar. Fazer pensar, a contragosto, o leitor. Provocar atos
internos.<br />
<br />
VALÉRY, Paul. <i>Cahiers</i>. In: CAMPOS, Augusto de. <i>Paul Valéry: a serpente e o pensar</i>. São Paulo: Ficções Editora, 2011.<br />
<br />
<span class="text_exposed_show"></span><br />
<span class="text_exposed_show"><br /></span>Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8605397492896452342.post-21875224745495114122018-01-06T11:28:00.002-03:002018-01-06T11:28:53.286-03:00um dia desses eu me caso com você<br /><br />de tanto me perder, de andar sem sono<br />
por essa noite sem nenhum destino<br />
por essa noite escura em que abandono<br />
uns sonhos do meu tempo de menino<br />
de tanto não poder mais ter saudade<br />
de tudo o que já tive e já perdi<br />
dona menina, eu me resolvo agora<br />
a ir-me embora pra longe daqui.<br />
<br />
um dia desses eu me caso com você<br />
você vai ver, ai ai, você vai ver<br />
um dia desses, de manhã, com padre e pompa<br />
você vai ver como eu me caso com você<br /><br />meu tempo de brincar já foi-se embora<br />e agora, o que é que eu vou fazer?<br />não tenho onde morar, vou caminhando<br />sem sono, sem mistérios, sem você;<br />
pra terra onde nasci<br />
ai ai<br />não volto nunca mais<br />e esta cidade alheia tem segredos<br />que eu faço tudo pra não compreender<br /><br />meu pobre coração não vale nada<br />anda perdido, não tem solução<br />mas se você quiser ser minha namorada<br />vamos tentar, não é?<br />não custa nada<br />até pode dar certo<br />ai ai<br />e se não der<br />eu pego um avião, vou pra xangai<br />e nunca mais eu volto pra te ver.<br /><br /><br />NETO, Torquato. In: KRUEL, Kernard. <i>Torquato Neto ou a carne seca é servida</i>. Teresina: Zodíaco, Fundação Cultural do Piauí, 2008.<br /><br /><br />Arthur Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/03738779141880453135noreply@blogger.com0