29.3.12

Aforismos




69.
Teoricamente existe uma chance de felicidade plena: acreditar no que há de indestrutível em si próprio e não ter de lutar para alcançá-lo.


KAFKA, Franz. Aforismos reunidos (livro eletrônico). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2012. Introdução e tradução de Modesto Carone.



27.3.12

A noite



a noite
me pinga uma estrela no olho
e passa


LEMINSKI, Paulo. Caprichos e relaxos. São Paulo: Círculo do Livro, 1987.

17.3.12

Moby Dick - pág. 59


mas a Fé, como um chacal, se alimenta por entre os túmulos, e mesmo das dúvidas mortais recolhe sua esperança mais vital.


MELVILLE, Herman. Moby Dick. São Paulo: Cosac Naify, 2008. Tradução de Irene Hirsch e Alexandre Barbosa de Souza.


10.3.12

Moby Dick - pág. 29



Por que quase todo rapaz forte e saudável e provido de espírito forte e saudável, numa ocasião ou noutra, fica louco para ir ao mar? Por que em sua primeira viagem como passageiro você sentiu aquela vibração mística, quando lhe disseram que você e o navio estavam fora do alcance dos olhos da terra? Por que os antigos Persas consideravam o mar sagrado? Por que os Gregos lhe atribuíram uma divindade separada e fizeram dele o próprio irmão de Jove? Tudo isso certamente tem um significado. E ainda mais profundo é o significado da história de Narciso, que, por não conseguir chegar à imagem provocativa e difusa que viu na fonte, nela mergulhou e se afogou. Mas nós vemos essa mesma imagem em todos os rios e oceanos do mundo. É a imagem do insondável fantasma da vida; e esta é a chave de tudo.


MELVILLE, Herman. Moby Dick. São Paulo: Cosac Naify, 2008. Tradução de Irene Hirsch e Alexandre Barbosa de Souza.

6.3.12

Hoje



Faz
tempo, hoje

defronte
desse apartamento
da Strozzigasse,
ontem, ante-
outono, neves,

eles
ainda se beijando
atrás de corações
embaciados
na janela.

Eles, nós.


CARVALHO, Age de. Trans. São Paulo: Cosac Naify, 2011.

5.3.12

Impreciso III




foi bonito aquele dia em que a gente se
encontrou, e se abraçou, e dormimos sem nos
largar; pra recuperar a distância, pra recuperar o
que de nós havíamos perdido.



SALOMÃO, Omar. Impreciso. Rio de Janeiro: Dantes, 2011.

2.3.12

Poesia da recusa (2)



Abro as veias: irreprimível,
Irrecuperável, a vida vaza.
Ponham embaixo vasos e vasilhas!
Todas as vasilhas serão rasas,
Parcos os vasos.

______Pelas bordas - à margem -
Para os veios negros da terra vazia,
Nutriz da vida, irrecuperável,
Irreprimível, vaza a poesia.


TSVETÁIEVA, M. Abro as veias. In: CAMPOS, A. Poesia da recusa. São Paulo: Perspectiva, 2006.