Julguei que não voltaria a falar
desse verão onde o sol se escondia
entre a nudez
dos rapazes e a água feliz.
Imagens que já não doem
- risos, corridas, a brancura dos dentes,
ou a matutina estrela
ardendo no centro da nossa carne -
chegaram com a neve, tão rara
nestas paragens,
e como pousa a poeira,
sentaram-se ao lume vagarosas.
Aí estiveram, escutando o que traz
o vento. Até anoitecer.
ANDRADE, Eugénio de. Poemas de Eugénio de Andrade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. Seleção, estudo e notas de Arnaldo Saraiva.
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