29.5.13

Contente de me dar como as gaivotas



Contente de me dar como as gaivotas
bebo o outono e a tarde arrefecida.
Perfeito o céu, perfeito o mar, e este amor
por mais que digam é perfeito como a vida.

Tenho tristezas como toda a gente.
E como toda a gente quero alegria.
Mas hoje sou de um céu que tem gaivotas,
leve o diabo essa morte dia a dia.


ANDRADE, Eugénio de. Primeiros poemas - As mãos e os frutos - Os amantes sem dinheiro. Porto: Assírio & Alvim, 2012.


15.5.13

Outrora e hoje



Meu dia outrora principiava alegre;
No entanto, à noite eu chorava. Hoje, mais velho,
Nascem-me em dúvida os dias, mas
Findam sagrada, serenamente.


HÖLDERLIN, Friedrich. In: BANDEIRA, Manuel. Poemas traduzidos. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1948.