19.8.13

No fluxo e refluxo da maré



Seis horas enche e outras tantas vaza
A maré pelas margens do oceano,
E não larga a tarefa um ponto no ano,
Porquanto o mar rodeia e o sol abrasa.

Desde a esfera primeira opaca ou rasa,
A Lua com impulso soberano
Engole o mar por um secreto cano,
E quando o mar vomita, o mundo arrasa.

Muda-se o tempo, e suas temperanças,
Até o céu se muda, a terra, os mares,
E tudo está sujeito a mil mudanças.

Só eu, que todo o fim de meus pesares
Eram de algum minguante as esperanças
Nunca o minguante vi de meus azares.


MATOS, Gregório de. Desenganos da vida humana e outros poemas. São Paulo: Hedra, 2013.


Nenhum comentário: