17.2.14

Ao mínimo clarão



Talvez seja melhor não nos voltarmos
a ver, ao mínimo clarão
das mãos a pele se desavém com a memória.
As mãos são de qualquer corpo a coroa.

Das dele já nem sequer o itinerário
sei hoje muito bem, onde o horizonte
se desata o mar agora
regressa ao coração de que faz parte.

Ainda é o mar contudo o que se vê
florir onde ele chegar. Chamando a esse
rapaz rebentação,
o céu rasga-se à volta dos seus ombros.


NAVA, Luís Miguel. Poesia Completa 1979-1994. Lisboa: Fundação Luis Miguel Nava e Publicações Dom Quixote, 2002.