The nights, the railway-arches, the bad sky,
His horrible companions did not know it;
But in that child the rhetorician's lie
Burst like a pipe: the cold had made a poet.
Drinks bought him by his weak and lyric friend
His five wits systematically deranged,
To all accustomed nonsense put an end;
Till he from lyre and weakness was estranged.
Verse was a special illness of the ear;
Integrity was not enough; that seemed
The hell of childhood: he must try again.
Now, galloping through Africa, he dreamed
Of a new self, a son, an engineer,
His truth acceptable to lying men.
December 1938
As noites, os arcos da ferrovia, o feio céu,
Não o sabiam sequer suas horríveis companhias;
A mentira retórica, qual chaminé, o
Queimava em criança: do frio nascera a poesia.
O álcool que o amigo fraco e lírico ofertara
Metodicamente os sentidos desregrou,
Pôs fim ao contrassenso ao qual se acostumara;
Até que de lira e fraqueza se afastou.
O verso era uma doença especial do ouvido;
A integridade não era o bastante; ali estava
O inferno da infância: devia tentar de novo.
Agora, cavalgando em África, sonhava
Com um outro eu, um filho, alguém bem sucedido,
E sua verdade aceita pelos mentirosos.
Dezembro de 1938
AUDEN, W. H. Poemas. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. Tradução de João Moura Jr.
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