9.7.14

A propósito do nada



sou
      para o outro
este corpo esta
      voz
sou o que digo
      e faço
      enquanto passo

mas
      para mim
só sou
      se penso que sou
enfim
se sou
      a consciência
      de mim

e quando
      vinda a morte
      ela se apague
serei o que alguém acaso
      salve
         do olvido

já que
         para mim
         (lume apagado)
nunca terei existido


GULLAR, Ferreira. Em alguma parte alguma. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010.


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