23.6.18
o homem de neve / the snow man
O homem de neve
Há que se ter mente hibernal
Para observar a geada e os galhos
Dos pinheiros encrostados de neve;
E estar ao frio há muito tempo
Para ver os zimbros com beirais de gelo,
Os abetos ásperos no brilho distante
Do sol de janeiro; e não pensar
Em nenhuma aflição ao som do vento,
Ao som de umas poucas folhas,
Que é o som da terra
Cheia do mesmo vento
Que venta no mesmo lugar árido
Para o que ouve, que escuta na neve,
E, ele próprio nada, contempla
Nada que não esteja ali e o nada que lá está.
The Snow Man
One must have a mind of winter
To regard the frost and the boughs
Of the pine-trees crusted with snow;
And have been cold a long time
To behold the junipers shagged with ice,
The spruces rough in the distant glitter
Of the January sun; and not to think
Of any misery in the sound of the wind,
In the sound of a few leaves,
Which is the sound of the land
Full of the same wind
That is blowing in the same bare place
For the listener, who listens in the snow,
And, nothing himself, beholds
Nothing that is not there and the nothing that is.
In: STEVENS, Wallace. O imperador do sorvete e outros poemas. Trad. de Paulo Henriques Britto. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
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