26.5.19
alba
I
Entra furtivamente
a luz
surpreende o sonho inda imerso
na carne.
II
Abrir os olhos.
Abri-los
como da primeira vez
— e a primeira vez
é sempre.
III
Toque
de um raio breve
e a violência das imagens
no tempo.
IV
Branco
sinal oferto
e a resposta do
sangue:
AGORA!
In FONTELA, Orides. Poesia completa. São Paulo: Hedra, 2015.
19.5.19
"se em meu ofício, ou arte severa" / "in my craft or sullen art"
Se em meu ofício, ou arte severa,
Vou labutando, na quietude
Da noite, enquanto, à luz cantante
De encapelada lua jazem
Tantos amantes que entre os braços
As próprias dores vão estreitando ―
Não é por pão, nem por ambição,
Nem para em palcos de marfim
Pavonear-me, trocando encantos,
Mas pelo simples salário pago
Pelo secreto coração deles.
Não pelo homem altivo, alheio
A tormentosa lua escrevo
Sobre estas páginas de espuma
Nem pelos monstros imponentes
Com seus rouxinóis, seus salmos,
Mas pelos que se amando estreitam
Nos braços toda a dor das eras,
Que não louvam, não pagam, nem escutam
O meu ofício ― ou arte severa.
x
In my craft or sullen art
Exercised in the still night
When only the moon rages
And the lovers lie abed
With all their griefs in their arms,
I labour by singing light
Not for ambition or bread
Or the strut and trade of charms
On the ivory stages
But for the common wages
Of their most secret heart.
Not for the proud man apart
From the raging moon I write
On these spindrift pages
Nor for the towering dead
With their nightingales and psalms
But for the lovers, their arms
Round the griefs of the ages,
Who pay no praise or wages
Nor heed my craft or art.
Poema de Dylan Thomas em versão de Mário Faustino. In: FAUSTINO, Mário. Poesia completa e traduzida. São Paulo: Max Limonad, 1985.
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