4.6.19

cisne



Humanizar o cisne
é violentá-lo. Mas
também quem nos dirá
o arisco esplendor
— a presença do cisne?

Como dizê-lo? Densa
a palavra fere
o branco
expulsa a presença e — humana —
é esplendor memória
e sangue.

E
resta
não o cisne: a
palavra
— a palavra mesmo
cisne.


In FONTELA, Orides. Poesia completa. São Paulo: Hedra, 2015.

Nenhum comentário: