Na última vez tinha desistido de tentar,
na vez anterior e antes dessa também.
E lá estava. Pronto pra bater a cabeça
contra a parede, morrer na praia. Essa
imagem lhe era bonita: morrer na praia.
E não encontrava sossego ali, debaixo
do sol intenso. Queria ir de encontro ao
mar. Ser mais forte que o mar, derrubar
o mar. A cada onda que vinha e o jogava
para trás, ele corria e se arremessava
para frente. O gosto de sal na garganta,
areia na sunga e no cabelo. Assim que
aprendeu como se nada. Furando ondas
por horas a fio. E quando se dava por
vencido, voltava à praia pra morrer um
pouco e recomeçar.
SALOMÃO, Omar. Impreciso. Rio de Janeiro: Dantes, 2011.
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