1.8.12

Balanços



VI

É isto que me cabe.
Dentro disto é necessário caber
até que tudo acabe.

Mas há nisso uma espécie de prazer,
uma volúpia esguia,
impalpável, difícil de dizer,

feito uma melodia
que se escutou e depois se esqueceu,
porém retorna um dia,

inconfundível: sim, este sou eu,
e eis aqui o palácio
que construí, e agora é todo meu:

um só andar, um passo
de frente e um de fundo. É um bom espaço.


BRITTO, Paulo Henriques. Tarde. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.


Um comentário:

Unknown disse...

Quem sabe também fui encerrado em um pequeno espaço com o suficiente para conviver com fortes lembranças, que construí em mim mesmo: o espaço que me cabe.