VI
É isto que me cabe.
Dentro disto é necessário caber
até que tudo acabe.
Mas há nisso uma espécie de prazer,
uma volúpia esguia,
impalpável, difícil de dizer,
feito uma melodia
que se escutou e depois se esqueceu,
porém retorna um dia,
inconfundível: sim, este sou eu,
e eis aqui o palácio
que construí, e agora é todo meu:
um só andar, um passo
de frente e um de fundo. É um bom espaço.
BRITTO, Paulo Henriques. Tarde. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
Um comentário:
Quem sabe também fui encerrado em um pequeno espaço com o suficiente para conviver com fortes lembranças, que construí em mim mesmo: o espaço que me cabe.
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