Dia de verão na Vista Chinesa. Eu, sozinho,
era um mandarim frio; mas vendo tudo
do alto, tomado pela beleza, achei que
em meu coração a tristeza era mesquinha;
pensar em mim e em você me pareceu avareza,
tendo em vista que nós somos bem menores
vistos do Alto da Boa Vista. Janeiro bicicletas
bem-te-vis entraram pelos meus olhos
abrindo em cheio meu peito; que sombra
demoraria à luz de tantas lanternas?
Mesmo a noite mais profunda logo se incendiara
e, decerto, morreríamos só depois da madrugada.
Era uma tarde chinesa, tarde de mim sem você,
quando vi que nós dois juntos não valíamos
a cena.
FERRAZ, Eucanaã. Sentimental. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2012.
Um comentário:
Oi, Arthur. Sucesso pra vc ... hoje e sempre, no Rio ou em Belém. Abração!!
Postar um comentário