8.1.14

Eu olho



Olho o céu branco
as nuvens cinzentas
olho o sol sangrando.

Então é isto o mundo,
a casa dos mundos!

Uma gota de chuva...

Olho as casas altas
olho as mil janelas
e a torre distante.

Isto é pois a terra,
morada dos homens!

Nuvens acumulam-se, o sol desaparece.

Olho homens bem vestidos.
Mulheres sorrindo.
Cavalos curvados.

As nuvens, como estão pesadas.

Olho e olho sempre.
Tudo é tão estranho.
Errei, pois, de terra?


OBSTFELDER, Sigbjørn. Je regarde. Tradução de Carlos Drummond de Andrade. In: ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia traduzida. São Paulo: Cosac Naify, 2011. Organização e notas de Augusto Massi e Júlio Castañon Guimarães.


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